quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tela abstrata

Abstrata 150x150
Técnica: Acrílica sobre tela

De tanto ser, só tenho alma
Não sei quantas almas tenho.
Continuadamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento oque sou e vejo,
Torno me a eles e não eu.
Cada meu meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto a minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto á margem do que li.
O que julguei que senti.
Releio e digo:"Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.

De Poemas de Alberto Caeiro

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